Day of the fight (1949) - Parte 2
O início deste documetário do jovem Kubrick é exemplar da sua atitude ética perante a violência.
Ele não procura um «efeito violento»,
como um Lynch, nas suas primeiras experiências:
ele quer já pensar as razões do fascínio da violência.
No caso concreto do boxe, são enunciadas pela voz-off palavras próprias de uma análise científico-antropológica,
enquanto é apresentada uma sequência de antologia
da queda de pugilistas no ringue:
«violência física», «contacto corpo a corpo»,
«visceral», «primitivo», «animal contra animal», «sangue».
Esta distância permitida pelo documentário
será posteriormente desenvolvida de modo radical
sob a forma de ficção em Laranja mecânica -
mas aí o estudo não incidirá apenas
sobre as origens biológicas da violência,
mas também sobre a responsabilidade
pessoal, social e política da mesma...