Les mistons (1958): 2/2
Não anunciará o final deste pequeno filme,
tratando-se de François Truffaut,
A noiva estava de luto (1967)?
Uma jovem de luto: não será este o modo pessoal
de Truffaut enunciar a melancolia da memória,
aquilo que ensombra sempre os dias gloriosos
da adolescência: pertencerem ao passado?
Ou numa versão mais nostálgica e sinistra:
não será o modo de Trufautt enunciar
o luto que acompanha cada criança decepada
de oportunidades, cada criança maltratada
na sua jovialidade e pujança (como tinha sido o seu caso),
o luto que acompanha a impotência dessa idade das descobertas,
o luto que cada decisão incerta e inconsciente
(e na adolescência há muitas) impõe sobre o que fica
para trás, sobre o que temos que abandonar
em detrimento daquilo que escolhemos?